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Reactor 4

esquerda snowflake, lobo marxista easylado@sapo.pt

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Especificidades do regime cubano

15.03.08 | Cláudia Simões

bandeira de cubaAo fim de 50 anos na presidência de Cuba, assistimos à renúncia do (agora ex) presidente Fidel Castro. Trata-se de uma passagem de testemunho ao seu irmão Raul que promete dar continuidade à política do irmão.

Conhecemos Cuba como o bastião do comunismo por ser de facto o pais mais parecido com o comunismo marxista leninista. O regime simplesmente ditatorial da Rússia e a ditadura capitalista da exploração do homem pelo homem baseada nos pressupostos de mercado e da acumulação de riqueza da China não se podem considerar propriamente comunismo, mesmo que se considerem como tal.

Há quem veja em Castro um ditador que põe em causa a liberdade e os direitos humanos e há quem veja nele aquele que conseguiu dos melhores sistemas de saúde do mundo e uma taxa de alfabetização invejável para qualquer país desenvolvido. Neste cenário tão peculiar que é o sistema político cubano, existem duas coisas que me intrigam particularmente. Primeiro, como pode um país tão alfabetizado viver sob uma ditadura, especialmente durante tanto tempo? Só posso explicar este sistema pela existência de um líder carismático. Tal como Hitler (sem querer fazer qualquer tipo de comparação) conseguiu (com uma ajuda conjuntural) captar a atenção dos Alemães e tal como o Papa consegue a inquestionabilidade dos crentes, Fidel só conseguiria tal feito sendo ele mesmo um líder carismático.

A segunda particularidade que me intriga é o fervoroso ódio mútuo quando os EUA mantém uma base militar para prisioneiros de guerra em Cuba. Só consigo entender este ódio como uma estratégia política. O ódio por aquele cuja estratégia política e económica é oposta à aplicada por nós legitima esta mesma estratégia. O ódio de Fidel pelo capitalismo americano vai justificar o próprio comunismo e o fechamento de cuba ao resto do mundo, também ele capitalista. Por sua vez, o ódio dos EUA a Cuba vem justificar o liberalismo de mercado e o capitalismo desenfreado. Cada um se define em oposição ao outro e ao estremarem as suas posições vão legitimar cada vez mais o seu sistema.

Não creio que este ódio seja só uma estratégia política, mas se fosse um ódio puro os respectivos governantes não deveriam querer qualquer tipo de ligação um com o outro.

No inicio do texto falava de uma passagem de testemunho de um ditador para outro, mas a verdade é que acredito, por diversos motivos, que o regime de Raul será um regime de transição de uma ditadura para a tão desejada e merecida democracia.

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