As interelações humanas são por vezes difíceis. Veio à conversa o assunto dos criminosos, delinquentes, os muito na moda graffiters, assaltantes, vândalos (infelizmente todos no mesmo saco). Alguém com o qual sou obrigada a conviver no trabalho diz que esses tipos deviam ser punidos exemplarmente. Quem mata alguém devia morrer da mesma forma. Um incendiário devia morrer queimado. A um ladrão devia-se cortar as mãos como aliás é feito em alguns países (de regimes desprezíveis). Os delinquentes e vândalos deviam ser todos presos e levar uma boa sova.
Por imaturidade, tentei contra-argumentar, tentei explicar que o grafite está ligado a um processo de construção de identidades e que a criminalidade está directamente ligada com a pobreza. Tentei dizer que ao fazermos o mesmo estaríamos a ser igual a quem condenávamos, para além de assim se excluir qualquer tipo de reabilitação possível. Sei bem que este tipo de pessoas com um discurso tão radicalizado e perdoem-me, ignorante, não é o tipo de pessoas que vá, não digo ponderar mudar de ideias, mas ouvir.
Ficou muito por dizer, também por medo de represálias, mas quero deixar a minha opinião. O que mais me enfurece são aqueles tipos que fogem aos impostos, que roubam as empresas, as pessoas e até o Estado. Esses tipos ao roubarem (e não falamos de 20 ou 30 euros, mas milhões) comprometem o funcionamento das instituições e com isso o exercício da minha cidadania. O que me enfurece são os tipos das industrias que para terem lucros ainda maiores, poupam em filtros ou estações de tratamento de resíduos e com isso poluem o ar, as águas, cortam árvores, destroem o ambiente. Tenho o direito de poder usufruir de algo que é de todos. Tenho o direito de respirar ar puro, de ir a uma praia limpa. Tenho o direito de uma sociedade baseada no modelo social europeu que alguns querem destruir. Estes tipos comprometem o meu presente, o meu futuro, o futuro dos meus filhos. Estes são os verdadeiros criminosos.
Não quero minimizar o problema da delinquência. Quero dizer que as pessoas pensam pequenino, que não reflectem nos verdadeiros problemas e riscos emergentes. Não é preciso ser muito (ou nada) inteligente para se solucionar um problema com o extermínio ou com a prisão. É sim difícil encontrar soluções que realmente resolvam o problema de raiz. Dá trabalho pensar, reflectir.
Por (de)formação académica sei pouco ser parca em palavras. Agradeço o tempo de antena ao dono do blog.