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Reactor 4

esquerda snowflake, lobo marxista easylado@sapo.pt

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OE 2011

29.10.10 | Bruno C.

Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga vão retomar contactos bilaterais com vista à viabilização do Orçamento do Estado para 2011. Vão retomar depois de já terem parado e recomeçado umas 3 ou 4 vezes nos últimos 10 dias. Uma novela que continua e parece que, como todas as novelas, só no último episódio é que se vai saber tudo.

Vamos saber tudo, o que todos esperamos, pois o final já está definido.

O grande problema desta trapalhada está do lado do PSD que durante este processo, não podia dizer outra coisa que não fosse aprovar o OE. Grande problema para Passos Coelho que tem o paladino-mor do PSD, o nosso Presidente da Republica, a UE, e todas as forças económicas a lhe dizer para ter juízo e aprovar o OE. Ele ainda tentou dizer que se houvessem aumentos de impostos reprovava o orçamento e como vemos essa grande convicção já caiu por terra. Agora a única coisa que está a tentar fazer é adiar a sua capitulação, mas vai inevitávelmente meter a viola no saco e deixar passar este OE, de preferência sem grandes ondas e só na assembleia para que não se fale muito da sua derrota.

A única alegria que Passos Coelho pode ter são as últimas sondagens que lhe dão uma vitória certa. Vamos ver se o seu ego não cresce muito rápido e volta a fazer asneira como fez com a revisão constitucional.

Diferenças civilizacionais

27.10.10 | Cldsunshine

Hoje assistimos nos jornais diários à notícia de uma militante democrata que foi agredida por um membro do Tea Party americano (para quem não conhece, este é um movimento constituído por uma selecção de republicanos ultraconservadores e com muito mau feitio). Ora esta notícia diz muito não só deste movimento, como do partido republicano, mas diz muito sobre o povo americano que não é necessariamente aquele que se nos aparece aos nossos olhos através de Hollywood. Outra notícia no mesmo registo é a que diz respeito às novas imagens dos abusos de reféns por parte dos soldados americanos. Do outro lado da medalha, e para ter uma pequena esperança na humanidade, gostaria de apresentar outra noticia que relata um roubo, mas não um roubo qualquer. Na Suécia um senhor viu a sua mala com o seu portátil serem roubados. Podem perguntar onde é que um roubo tem uma mensagem animadora. Acontece que o Sr. ladrão, não só devolveu o conteúdo da mala, ficando com o portátil, como mais tarde devolveu ao Sr. roubado, o conteúdo do portátil numa pen. Roubos, há-os e sempre irá haver, mas alegra-me saber que até os ladrões estão a ficais mais conscienciosos. Só na Suécia…

Agostinho Branquinho na Ongoing

22.10.10 | Bruno C.

Agostinho Branquinho ficou conhecido por na comissão de inquérito pt/tvi estar sempre do lado de José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes. Foi sempre ele quem defendeu a viva voz as teses do casal na dita comissão.

Não deixa de ser estranho que agora que o vice-presidente da Ongoing é José Eduardo Moniz, Branquinho seja convidado para a Ongoing Brasil.

Mais um caso que ajuda a manchar a reputação dos dirigentes políticos em Portugal que ainda não preceberem que deviam ser como a mulher de César. Não basta ser honesta, deve parecer honesta.

A escola, os alunos e os professores

21.10.10 | Cldsunshine

Fala-se do “transbordamento” da escola, que ela quer tudo e não consegue nada. Para evitar esse “transbordamento” põe-se a questão será que a escola deve estar centrada no aluno ou na aprendizagem? Pois para mim não existe “transbordamento”. A escola pode e deve estar centrada em ambos. No que toca à centralidade do aluno, a escola deve trabalhar intimamente com as famílias dos mesmos (para tal terão que haver mudanças no sistema de trabalho português que permita um maior acompanhamento dos filhos). No que toca à centralidade do conhecimento, a escola deve fazer tudo para que o aluno aprenda da melhor forma possível. Isto porque a escola apesar de ser o único meio democratizador e nivelador da sociedade (pessoas com igual acesso ao conhecimento e como tal com escolha para poder seguir um qualquer trajecto de vida), esses objectivos não são cumpridos. O que se verifica é uma reprodução social, isto é quem tem mais dinheiro tem acesso a melhores escolas e como tal tem acesso a um emprego melhor.

Um à parte. Não querendo dizer que o ensino é melhor nas escolas privadas, já o digo. E é verdade. Primeiro há que dizer que os próprios alunos são diferentes. No sector privado há uma selecção que não pode haver no público (e ainda bem). A questão do dinheiro adquire aqui mais do que uma dimensão. Não só a da selecção dos alunos, mas principalmente porque a variável mais explicativa, isto é, a variável que vai mais a par com o sucesso escolar é a do estatuto socioeconómico. No geral (sempre no geral) quanto maior é o estatuto sócio económico dos pais, maior é o sucesso escolar dos filhos. O pagamento da propina também vai responsabilizar mais os alunos para os resultados obtidos.

Não que os professores sejam melhores per si no privado que no publico, pois no publico estão os melhores professores. O que acontece é que pelas características das escolas privadas os professores adquirem características que não existem no público, como a responsabilização do professor. Todos os professores são (voluntariamente ou não) mais atentos. Não existem reprovações por faltas porque à primeira falta o director de turma já está a telefonar para o encarregado de educação. Não existem faltas de trabalho de casa, pois por regra um aluno do ensino privado passa mais tempo na escola que um aluno do publico, sendo esse tempo passado também em salas de estudo. E também, há mais responsabilização do professor, porque um pai que paga uma mensalidade vai cobrar resultados.

O que andamos a comer?

11.10.10 | Cldsunshine

O Jornal de Noticias publica uma notícia muito interessante sobre o consumo de produtos fora do prazo. A temática da comida é algo que interfere em diversas dimensões como o ambiente, a sociedade, a economia, politica, etc. Vou tentar tocar em algumas destas dimensões.

Já foi provado que a fome não existe por escassez de alimentos, mas por incapacidade de os distribuir eficientemente. Amartya Sen (Nobel da economia em 1998) tem trabalho provado nessa área. Os ocidentais comem muito e produzem ainda mais do que conseguem comer e o resultado é toneladas de comida boa atirado às lixeiras todos os dias. Estima-se que no Brasil vão para o lixo todos os dias 39 000 toneladas de comida perfeitamente própria para consumo. Num exemplo a seguir, o governo brasileiro em cooperação com os privados está a investir em máquinas de desidratação de comida, para melhor aproveitar as sobras e evitar desperdícios.

Nos EU, ironicamente o país que mais desperdiça, surge um movimento que são os Freegans. Estes Freegans são pessoas que adoptam estratégias alternativas para viver, baseadas em uma participação limitada na economia, e consomem o mínimo possível de produtos. Nos EU os Freegans podem chegar a juntarem-se à noite e dirigirem-se aos contentores do lixo das grandes superfícies para procurarem comida. Não falamos de pobres que não têm o que comer, mas de pessoas com uma posição estável no mercado de trabalho que optam por consumir o menos possível e como tal aproveitam, não restos de comida, mas produtos bons que são deitados indiscriminadamente ao lixo pelas superfícies por serem considerados inaptos para venda. Nestes requisitos entram latas amassadas, mas dentro do prazo, frutas e legumes embalos que apesar de próprias para consumo estão fora do prazo e como tal não podem ser vendidas, pão e bolos que não foram vendidos e que não podem voltar para as montras no dia seguinte. Enfim uma panóplia de produtos óptimos para consumo que vão para o lixo. Pois, no artigo acima mencionado, cientistas portugueses alertam a distinção entre as definições de “consumir de preferência antes de” ou “consumir antes de”, pois há produtos que podem perfeitamente ser consumidos fora do prazo, pois este apenas aponta para uma data depois da qual o produtor não se responsabiliza pelo estado do produto, no entanto não só não quer dizer que este esteja adulterado como mesmo que o esteja, não esteja próprio para consumo. Isto é: depois de determinado prazo os produtos começam a perder qualidades, mas que mesmo assim podem ser consumidos. Esta atenção pode evitar vários quilos de comida deitada ao lixo.

A produção de comida em larga escala tem como já sabemos, enormes impactos no ambiente. Um dos maiores contribuidores para o lançamento de metano para a atmosfera, com severos impactos para o efeito de estufa, é a indústria pecuária. Em termos simples, o coco de vaca é terrível para o ambiente. Não é só a criação de vacas e porcos que contribui para o degradar do nosso ambiente, a agricultura intensiva e os seus pesticidas degradam os solos e os lençóis freáticos. A produção, em autênticas fábricas, de carne para consumo atropela vilmente os direitos dos animais. No entanto não podemos ignorar o que a produção em escala da economia fez por pela humanidade, permitindo que a mão-de-obra se libertasse da produção alimentícia de consumo próprio e fosse desviada para o desenvolvimento de outras áreas, como a medicina, engenharia, artes etc.

O problema reside no uso que fazemos da comida. O documentário Food inc, alerta-nos para o facto que todos não só comermos muitos como comermos mal. É ilustrativo a cena do esquilo e da tartaruga no filme Pular a cerca, em que o primeiro explica ao segunda como os seres humanos comem muito, depois necessitam de digestivos e depois ainda de fazer exercício para emagrecer e consequentemente poderem comer mais. Mas não é só a quantidade, é a qualidade que importa. Cada vez mais vemos nos supermercados produtos transformados que em nada são saudáveis. Consumimos estes produtos com a desculpa de que não temos tempo para cozinhar, e é verdade, mas subestimamos o poder de uma sopa ou de uma sande. Diz o autor do documentário “desconfiem de comida que não se estraga”. O mesmo diz que se comermos menos, podemos desviar os recursos para comidas mais saudáveis como as comidas biológicas. Claro que nem toda a gente tem recursos para serem desviados, mas fica o conselho para quem pode.

A agricultura biológica é uma óptima saída para quem não quer fazer parte de uma indústria poluente e que maltrata os animais. Aliás a opção cada vez maior por estes produtos é visível e pode ainda ajudar a desviar verbas que financiam grandes produções, para apoiar produtores biológicos.

O cuidado com a alimentação, no que toca à qualidade, é muito importante para nos sentirmos melhores connosco física e psicologicamente, mas no meu ponto de vista o cuidado com as quantidades têm maiores impactos, nomeadamente para a redução da produção de lixo (também um dos grandes males das sociedades modernas) e melhor distribuição dos recursos.

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