Presidente aos portugueses
Portugueses,
Não devo esconder que 2009 vai ser um ano muito difícil.
Receio o agravamento do desemprego e o aumento do risco de pobreza e exclusão social. Devo falar verdade.
A verdade é essencial para a existência de um clima de confiança entre os cidadãos e os governantes.
É sabendo a verdade, e não com ilusões, que os portugueses podem ser mobilizados para enfrentar as exigências que o futuro lhes coloca.
A crise financeira internacional apanhou a economia portuguesa com algumas vulnerabilidades sérias.
A crise chegou quando Portugal regista oito anos consecutivos de afastamento em relação ao desenvolvimento médio dos seus parceiros europeus.
Há uma verdade que deve ser dita: Portugal gasta em cada ano muito mais do que aquilo que produz.
Portugal não pode continuar, durante muito mais tempo, a endividar-se no estrangeiro ao ritmo dos últimos anos.
Para quem ainda tivesse dúvidas, a crise financeira encarregou-se de desfazê-las.
Como é sabido, quando a possibilidade de endividamento de um País se esgota, só resta a venda dos bens e das empresas nacionais aos estrangeiros.
Os portugueses devem também estar conscientes de que dependemos muito das relações económicas com o exterior.
Não são apenas as exportações e as importações de bens.
São as remessas dos nossos emigrantes, o turismo, os apoios da União Europeia, o investimento estrangeiro, os empréstimos externos que Portugal tem de contrair anualmente.
Depois deste discurso até fiquei deprimido. Parece que caminhamos inevitavelmente para o abismo, paramos e tomamos a decisão certa, demos um passo em frente!
Um pouco de optimismo também não fica nada mal para motivar o povo a trabalhar.