A golden share da PT
Escrevi há uns dias um artigo no qual mostrava a minha descrença na auto-regulação do mercado na economia. Exemplo de tal foi a tão badalada crise financeira que abalou os EUA e que inevitavelmente alastrou para a Europa e o resto do mundo.
Hoje a notícia de primeira página é o escândalo do uso da golden share do estado no veto da participação na Vivo à Telefónica.
Ora primeiro é uma hipocrisia a crítica às golden share detida pelos estados.
Compreendo a posição dos Liberais que são contra qualquer interferência dos estados na economia apesar da já provada incompetência de se auto-regular. Acham que mais do que uma forma de proteccionismo (praticado de outras formas, por exemplo quando os se pede às pessoas para passar ferias no próprio país, e note-se que não foi só Portugal a fazer esse apelo) é um ataque ao “saudável” funcionamento do mercado. Compreendo que os espanhóis estejam contra esta tomada de decisão pois perdem um importante mercado para uma futura e bastante rentável expansão num nicho mercado em crescimento.
Compreendo a revolta dos accionistas que vêem frustradas as expectativas de ganhar no imediato uma pipa de massa com a venda dessa participação.
Compreendo ainda mais e contra ventos e mares apoio a decisão do estado de não perder uma cota de mercado tão importante para a continuidade e crescimento da PT. Aqui o estado funcionou como o paizinho que se preocupa com a continuidade e futuro crescimento da empresa. Claro que essa atitude paternalista não funciona num mercado liberal e de ganhos imediatos. Mais uma luta entre estado e mercado, que cada vez mais vai pender para o mercado.