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Reactor 4

esquerda snowflake, lobo marxista easylado@sapo.pt

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A escola, os alunos e os professores

21.10.10 | Cldsunshine

Fala-se do “transbordamento” da escola, que ela quer tudo e não consegue nada. Para evitar esse “transbordamento” põe-se a questão será que a escola deve estar centrada no aluno ou na aprendizagem? Pois para mim não existe “transbordamento”. A escola pode e deve estar centrada em ambos. No que toca à centralidade do aluno, a escola deve trabalhar intimamente com as famílias dos mesmos (para tal terão que haver mudanças no sistema de trabalho português que permita um maior acompanhamento dos filhos). No que toca à centralidade do conhecimento, a escola deve fazer tudo para que o aluno aprenda da melhor forma possível. Isto porque a escola apesar de ser o único meio democratizador e nivelador da sociedade (pessoas com igual acesso ao conhecimento e como tal com escolha para poder seguir um qualquer trajecto de vida), esses objectivos não são cumpridos. O que se verifica é uma reprodução social, isto é quem tem mais dinheiro tem acesso a melhores escolas e como tal tem acesso a um emprego melhor.

Um à parte. Não querendo dizer que o ensino é melhor nas escolas privadas, já o digo. E é verdade. Primeiro há que dizer que os próprios alunos são diferentes. No sector privado há uma selecção que não pode haver no público (e ainda bem). A questão do dinheiro adquire aqui mais do que uma dimensão. Não só a da selecção dos alunos, mas principalmente porque a variável mais explicativa, isto é, a variável que vai mais a par com o sucesso escolar é a do estatuto socioeconómico. No geral (sempre no geral) quanto maior é o estatuto sócio económico dos pais, maior é o sucesso escolar dos filhos. O pagamento da propina também vai responsabilizar mais os alunos para os resultados obtidos.

Não que os professores sejam melhores per si no privado que no publico, pois no publico estão os melhores professores. O que acontece é que pelas características das escolas privadas os professores adquirem características que não existem no público, como a responsabilização do professor. Todos os professores são (voluntariamente ou não) mais atentos. Não existem reprovações por faltas porque à primeira falta o director de turma já está a telefonar para o encarregado de educação. Não existem faltas de trabalho de casa, pois por regra um aluno do ensino privado passa mais tempo na escola que um aluno do publico, sendo esse tempo passado também em salas de estudo. E também, há mais responsabilização do professor, porque um pai que paga uma mensalidade vai cobrar resultados.